Cientistas brasileiros exploram vestígios de neandertais na Romênia
Pesquisadores de diversas instituições brasileiras estão realizando escavações na caverna Tătarului, localizada na Garganta do Vârghiş, na Romênia. Esta caverna é um rico sítio arqueológico que tem fornecido importantes informações sobre a presença de neandertais na região, datando de aproximadamente 40 mil anos atrás.
Entre os pesquisadores, destaca-se o arqueólogo Gustavo Neves, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), que está liderando os trabalhos de escavação. A equipe também conta com a colaboração de cientistas romenos, como Stefan Vasile, da Universidade de Bucareste, e Marian Cosac, da Universidade Valahia de Târgoviște. Juntos, eles têm explorado as camadas de sedimento que guardam vestígios da fauna pré-histórica.
Descobertas significativas nas escavações
Durante as escavações, os pesquisadores encontraram fragmentos de ossos de várias espécies, incluindo um pedaço de úmero de um urso-das-cavernas. Esses achados são essenciais para entender a dinâmica dos ecossistemas da época e como os neandertais interagiam com a fauna ao seu redor.
A caverna Tătarului, situada a 36 metros acima do leito do Rio Vârghiş, é uma área de grande interesse. Através de um modelo 3D do poço de escavação, os cientistas têm conseguido mapear as áreas onde foram encontrados os ossos e outros artefatos. O poço, que possui 2×2 metros de abertura e 3 metros de profundidade, se tornou um ponto focal para a coleta de amostras de sedimento e ossos.
Além da caverna Tătarului, outra área de pesquisa é a Peştera Mare, a maior caverna do Vale do Vârghiş. Esta caverna já revelou uma vasta gama de descobertas relacionadas aos neandertais, incluindo ferramentas de pedra e evidências de uso do fogo. Os pesquisadores acreditam que esses achados podem fornecer insights sobre a vida cotidiana e as capacidades cognitivas dos neandertais.
Interações entre neandertais e Homo sapiens
Os neandertais, que coexistiram com o Homo sapiens por um período significativo, desapareceram do registro fóssil há cerca de 40 mil anos. A extinção deles é atribuída a uma combinação de fatores, incluindo a competição com os Homo sapiens, que surgiram na África há aproximadamente 300 mil anos e começaram a se espalhar pela Eurásia entre 70 mil e 50 mil anos atrás.
Pesquisas indicam que, durante o tempo em que as duas espécies coexistiram, houve interações significativas, incluindo o acasalamento. Estudos genéticos mostram que entre 1% e 4% do genoma de pessoas de origem não africana é proveniente de neandertais. No entanto, muitas perguntas permanecem sobre a natureza dessas interações e seu impacto na evolução do Homo sapiens.
A importância da pesquisa arqueológica
A pesquisa em sítios arqueológicos como a caverna Tătarului é fundamental, pois fornece uma janela para o passado e ajuda os cientistas a entenderem melhor as complexidades da evolução humana. O estudo dos neandertais é particularmente importante, pois eles representam uma parte significativa da história da nossa espécie, mesmo que tenham desaparecido antes do surgimento do Homo sapiens no continente americano.
As escavações em território romeno são uma oportunidade valiosa para os pesquisadores brasileiros, uma vez que o Brasil não possui sítios arqueológicos que contenham vestígios de neandertais. Com o apoio de colegas romenos, a equipe brasileira busca elucidar questões sobre a extinção dos neandertais e a influência que essas interações tiveram sobre a evolução humana.
O trabalho contínuo dos pesquisadores é essencial para expandir nosso conhecimento sobre a história da humanidade e as dinâmicas que moldaram a interação entre diferentes espécies de hominínios ao longo dos milênios.