Polícia Identifica 99 Mortos em Operação no Rio de Janeiro
O governo do Rio de Janeiro confirmou a identificação de 99 das 117 vítimas fatais da Operação Contenção, realizada na última terça-feira, 28 de outubro de 2025, nos Complexos do Alemão e da Penha. Esta operação tinha como alvo o grupo criminoso Comando Vermelho e resultou na morte de um total de 121 indivíduos, incluindo quatro policiais. A magnitude da operação a coloca como a maior chacina do Brasil, superando o Massacre do Carandiru, que registrou 111 óbitos em outubro de 1992.
Dados da Operação
De acordo com o delegado Felipe Curi, secretário da Polícia Civil, dos 99 mortos identificados, 42 tinham mandados de prisão pendentes e 78 apresentavam um histórico criminal significativo, incluindo acusações de homicídio, tráfico de drogas e organização criminosa. A divulgação da polícia, no entanto, não fornece detalhes sobre os 21 mortos adicionais que também foram identificados, cujos antecedentes não foram considerados relevantes pela corporação.
A polícia também revelou que 40 dos indivíduos identificados eram de outros estados, com uma distribuição geográfica que inclui:
- 13 do Pará
- 7 do Amazonas
- 6 da Bahia
- 4 do Ceará
- 1 da Paraíba
- 4 de Goiás
- 1 do Mato Grosso
- 3 do Espírito Santo
Liberação dos Corpos
Entre os 99 corpos já identificados, pelo menos 89 foram liberados pelo Instituto Médico Legal (IML) para que os familiares pudessem realizar a retirada. O processo de identificação de todos os mortos deve ser concluído até o fim da semana. A Polícia Civil está finalizando um relatório de inteligência que reúne informações sobre as vítimas e analisa a importância estratégica dos Complexos da Penha e do Alemão na estrutura do Comando Vermelho.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), através da Subprocuradoria-Geral de Direitos Humanos e Proteção à Vítima (SUBDH), está conduzindo uma perícia independente e oferecendo apoio aos familiares dos mortos durante a liberação dos corpos. Uma equipe de oito profissionais, acompanhada por um promotor de Justiça, está encarregada dessa perícia. Além disso, o governo federal enviou 20 peritos criminais da Polícia Federal ao estado para reforçar as operações de segurança pública.
Objetivos da Operação
A Operação Contenção tinha como principal objetivo cumprir cerca de 100 mandados de prisão relacionados ao Comando Vermelho. Durante a ação, pelo menos 20 suspeitos foram capturados e 15 foram mortos. O governo do Rio de Janeiro declarou que a operação visava conter a expansão das atividades do Comando Vermelho, abrangendo 180 mandados de busca e apreensão, além dos mencionados 100 mandados de prisão. O principal alvo da operação, Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, permanece foragido e é considerado o líder mais significativo do Comando Vermelho ainda em liberdade.
Reações e Controvérsias
Entidades de direitos humanos e organizações da sociedade civil criticaram a operação, classificando-a como um “massacre” e uma “chacina”, apontando a elevada letalidade da ação policial. Famílias e moradores do Complexo da Penha relataram que, na madrugada seguinte à operação, foram encontrados vários corpos em uma área de mata, com evidências de tortura e mutilações nos cadáveres.
A tragédia desencadeou um debate intenso sobre a atuação das forças de segurança no combate ao crime organizado e a necessidade de uma abordagem mais humanitária e respeitosa dos direitos humanos nas operações policiais.
As investigações em torno da operação e suas consequências continuam, enquanto o estado e a sociedade civil lutam para entender e responder a este evento trágico que abalou a comunidade local.