Marido Viaja dos EUA ao Brasil de Motorhome para Salvar Esposa doente
Em uma emocionante história de amor e resiliência, Ubiratan Rodrigues, um caminhoneiro brasileiro, decidiu enfrentar um desafio monumental: voltar do Estados Unidos ao Brasil de motorhome com sua esposa, Fabíola, que se encontra em estado vegetativo após um mal súbito. A jornada, que deve durar cerca de 60 dias, é motivada pela necessidade de estar próximo da família e buscar um novo começo em sua terra natal.
A Trágica Mudança de Vida
Em setembro de 2024, a vida de Ubiratan tomou um rumo inesperado. Casado com Fabíola da Costa há mais de 15 anos, ele trocou a rotina de trabalho nas estradas americanas pelo cuidado diário de sua esposa, que sofreu um grave incidente de saúde enquanto trabalhava como manicure. Fabíola teve três paradas cardíacas, resultando em danos cerebrais que a deixaram em estado vegetativo.
Após sete meses de internação, Ubiratan decidiu que era hora de trazer Fabíola de volta para o Brasil, onde desejam recomeçar suas vidas ao lado dos filhos. Contudo, a falta de recursos financeiros para um voo médico especializado complicou seus planos. A alternativa que encontrou foi adaptar um motorhome para uma longa viagem da Flórida até Juiz de Fora, em Minas Gerais.
Desafios Financeiros e Logísticos
Ubiratan relatou que a viagem de avião com UTI custaria aproximadamente 120 mil dólares, um valor inviável para a família. Diante dessa realidade, ele tentou arrecadar fundos por meio de campanhas, mas não conseguiu atingir o montante necessário. “A maior dificuldade é retornar ao Brasil, pois não temos condições financeiras para permanecer aqui, e eu não consigo trabalhar”, disse Ubiratan, que se dedicou integralmente aos cuidados da esposa desde o acidente.
Apesar de buscar auxílio do Itamaraty para o transporte aéreo, a resposta foi negativa, pois o Ministério das Relações Exteriores não possui previsão orçamentária para cobrir esses custos. No entanto, o órgão ofereceu ajuda na emissão de documentos de viagem. Sem muitas opções, Ubiratan tomou a decisão de adaptar um motorhome para garantir que Fabíola pudesse viajar em segurança.
Preparativos para a Viagem
A adaptação do motorhome inclui cuidados especiais para garantir a saúde de Fabíola durante a viagem. Ubiratan explica que um médico autorizou o transporte terrestre, desde que sejam mantidas as condições adequadas, como a temperatura interna do veículo. Ele elaborou um plano detalhado para garantir que a energia elétrica não falhe durante o trajeto, prevendo o uso de baterias do motorhome, um gerador e energia solar como alternativas.
O custo total da adaptação do veículo pode chegar a 40 mil dólares, um valor que ainda representa um desafio financeiro para a família. “Qualquer ajuda faz a diferença para conseguirmos levar Fabíola de volta para casa, onde poderá continuar seu tratamento e estar perto da família”, comentou Ubiratan.
Trajeto e Rota Planejada
De acordo com as informações fornecidas pelas autoridades, é permitido viajar internacionalmente de motorhome, desde que o veículo e os viajantes cumpram todas as exigências de documentação, como passaportes, vistos e registros necessários. O trajeto mais curto entre a Flórida e Juiz de Fora leva cerca de 25 dias, passando por estados como Texas, Novo México, Arizona e Califórnia. No entanto, Ubiratan optou por uma rota alternativa, evitando áreas desérticas e cruzando países da América Central e do Sul.
Essa rota alternativa passará pelo México, Guatemala, Honduras, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Equador, Bolívia e Peru, entrando no Brasil pelo Acre. Com paradas para cuidados e descanso, o percurso deve levar entre 50 e 60 dias. A viagem está prevista para começar até o final de outubro.
Um Novo Começo no Brasil
Ao chegarem em Juiz de Fora, a família planeja se hospedar na casa da mãe de Fabíola. “Voltar para o Brasil muda tudo. Vou precisar buscar emprego novamente e recomeçar do zero. Estamos em busca de uma qualidade de vida melhor para ela e aliviando a carga que temos vivido. As crianças precisam de mim. Neste último ano, não só perderam a mãe, mas também sentiram a ausência do pai”, conclui Ubiratan, demonstrando a força e determinação em enfrentar os desafios que estão por vir.