Israel Restringirá Ajuda a Gaza Até Entrega de Corpos de Reféns

Israel Restringe Entrada de Ajuda a Gaza em Resposta ao Hamas

Israel decidiu implementar restrições significativas na entrada de ajuda humanitária em Gaza, uma medida que ocorre em resposta à recusa do Hamas em devolver todos os corpos dos reféns. A passagem de Rafah, que conecta a Faixa de Gaza ao Egito, permanecerá fechada como parte dessa estratégia.

Recentemente, o Hamas liberou 20 reféns vivos e quatro corpos, mas ainda há 24 corpos de reféns que permanecem em Gaza. Esse impasse gerou um clamor entre as famílias dos reféns, que exigem a suspensão da trégua até que todos os corpos sejam devolvidos. Mediadores egípcios estão tentando localizar os corpos, que se encontram em meio a escombros em uma área devastada por conflitos.

Em uma declaração feita na terça-feira, o governo israelense anunciou que a partir de quarta-feira, apenas 300 caminhões de suprimentos seriam autorizados a entrar em Gaza, o que representa metade da quantidade previamente acordada sob um acordo de cessar-fogo. Além disso, a entrada de combustível será restrita a necessidades específicas relacionadas à infraestrutura humanitária.

Olga Cherevko, porta-voz do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), confirmou que Israel notificou a organização sobre essas novas restrições. O Cogat, uma unidade do Exército israelense responsável pela supervisão da ajuda humanitária, justificou as limitações alegando que o Hamas violou o acordo referente à entrega dos corpos dos reféns.

Contexto da Situação

O acordo que permitiu a troca de reféns e prisioneiros reconhece que o Hamas e outras facções palestinas não conseguiriam cumprir a entrega dos corpos no prazo de 72 horas estipulado. Na última segunda-feira, 20 reféns vivos foram trocados por quase 2.000 prisioneiros palestinos, que incluíam 250 condenados à prisão perpétua e quase 1.700 detidos sem acusação formal desde o início do atual conflito.

Na mesma ocasião, o Hamas devolveu os corpos de quatro israelenses cujas identidades foram confirmadas. No entanto, outros 20 corpos ainda estão desaparecidos em Gaza. Há a expectativa de que mais quatro corpos sejam entregues em um futuro próximo.

De acordo com fontes anônimas, caso o Hamas não consiga entregar os corpos rapidamente, um acordo prevê a formação de uma força-tarefa conjunta, que incluirá os EUA e outros mediadores, para ajudar na busca pelos corpos. A complexidade dessa tarefa é acentuada pela destruição massiva em Gaza, onde muitos corpos podem estar enterrados sob escombros de prédios destruídos.

Christian Cardon, porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, destacou que localizar os corpos pode ser um desafio ainda maior do que a libertação dos reféns vivos. O processo pode levar dias ou até semanas, e há a possibilidade de que alguns corpos nunca sejam encontrados. Fontes indicam que, embora Israel acredite que o Hamas não tenha conhecimento da localização de todos os corpos, o grupo tem informações sobre muitos deles.

Desafios e Ações Futuras

As Forças Armadas israelenses (FDI) acusaram o Hamas de não demonstrar esforços relevantes para devolver os corpos que estão sob sua custódia. Para rastrear os restos mortais, que somam pelo menos 15, o Hamas precisará realizar uma investigação interna, interagir com outras facções militantes em Gaza, remover escombros e inspecionar túneis destruídos.

Enquanto isso, a situação é angustiante para as famílias dos reféns que ainda não receberam os restos mortais de seus entes queridos. A segunda-feira foi marcada por um misto de alívio e dor, já que Israel celebrou a libertação dos últimos 20 reféns vivos, enquanto os palestinos receberam 2.000 prisioneiros em troca.

O Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas enviou uma carta ao enviado especial dos EUA, expressando sua preocupação com a situação. A carta instava os EUA a pressionar o Hamas para que cumprisse sua parte do acordo e devolvesse todos os corpos. O presidente dos EUA também se manifestou, afirmando que “o trabalho não está concluído”, referindo-se à não devolução dos corpos como prometido.

Intervenção Egípcia e Acordos Futuros

Uma fonte do Hamas declarou que o grupo está comprometido em devolver todos os corpos, embora a destruição em Gaza esteja dificultando essa tarefa. Equipes do Egito, que atuam como mediadores, estão em Gaza para ajudar na busca e recuperação dos restos mortais, com assistência técnica de Israel.

De acordo com o acordo, Israel deve devolver os corpos de 15 prisioneiros palestinos em troca de cada refém israelense morto, totalizando 360 corpos. Este número inclui combatentes que participaram do ataque terrorista de 7 de outubro de 2023. Recentemente, Israel começou a cumprir essa promessa, entregando corpos a hospitais, mas sem identificação, apenas com números atribuídos.

O plano proposto por Trump prevê que a administração de Gaza seja feita inicialmente por palestinos sem vínculos com o Hamas ou pela Autoridade Nacional Palestina, sob supervisão de um órgão internacional a ser criado. A proposta também menciona que a presença militar israelense em Gaza será discutida posteriormente, enquanto o Hamas defende uma retirada imediata.

A situação continua a evoluir, refletindo a complexidade dos desafios enfrentados por ambos os lados e a necessidade urgente de um acordo que traga paz duradoura à região.