Escândalo no TJMS: Lobista Acumula Patrimônio Milionário com Frota de Veículos e Aeronaves
O lobista Andreson de Oliveira Gonçalves se tornou o centro de um escândalo envolvendo o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), revelando um patrimônio impressionante de R$ 113 milhões, composto por 396 veículos e quatro aeronaves. As informações sobre sua vasta frota e as operações suspeitas foram divulgadas em uma reportagem do jornal O Estado de São Paulo no dia 30 de agosto de 2025.
As operações de investigação, conhecidas como Operação Ultima Ratio, tiveram início em outubro do ano anterior e resultaram no afastamento de cinco desembargadores do TJMS, além de um juiz de primeira instância e um conselheiro do Tribunal de Contas. A operação visava desmantelar um suposto esquema de venda de decisões judiciais que envolvia corrupção e lavagem de dinheiro.
O Papel da Florais Transporte
A frota de veículos está registrada sob a empresa Florais Transporte, que é agora alvo de investigações da Polícia Federal. A suspeita é de que a empresa tenha sido utilizada por Andreson para atividades ilícitas, como lavagem de dinheiro e pagamentos de propina. Com apenas 48 funcionários, a capacidade operacional da Florais Transporte é questionada, visto que a quantidade de veículos excede em muito o que poderia ser gerenciado por esse número de colaboradores.
De acordo com os dados obtidos pela PF, a empresa realizou transferências significativas ao advogado Felix Jayme, identificado como um dos principais envolvidos no esquema de venda de decisões judiciais. Relatórios indicam que, em 2017, a Florais Transporte transferiu um total de R$ 1,13 milhão a Jayme, que, logo após receber os valores, fez saques que totalizaram R$ 1.090.250,00.
Investigação e Desdobramentos
A investigação da PF, que está em sua fase final, revelou que os desembargadores Sideni Soncini Pimentel, Vladimir Abreu da Silva e Júlio Roberto Siqueira Cardoso tomaram decisões que beneficiaram clientes de Felix Jayme logo após as transferências. É importante notar que Júlio Siqueira já havia se aposentado antes da operação.
As ligações de Andreson Gonçalves com a corrupção no judiciário não se limitam apenas à Florais Transporte. Ele também é proprietário da Florais Táxi Aéreo, que detém uma frota de quatro aeronaves avaliadas em R$ 16 milhões. A PF levantou suspeitas sobre a real utilização dessas aeronaves, sugerindo que elas podem ter sido emprestadas para autoridades do Judiciário como parte do esquema de venda de decisões.
Relatórios indicam que, apesar de a Florais Táxi Aéreo ser formalmente autorizada a operar como táxi aéreo, sua estrutura e registros não demonstram compatibilidade com essa função. A quantidade de voos realizados é considerada baixa e a ausência de movimentação em uma das aeronaves levanta dúvidas sobre suas atividades reais.
Repercussões e Impacto
O escândalo teve repercussões significativas no sistema judiciário de Mato Grosso do Sul, levando a uma crise de confiança nas instituições. A operação Ultima Ratio não apenas afastou desembargadores, mas também expôs as fragilidades do sistema judicial e a necessidade urgente de reformas para garantir a integridade das decisões judiciais no estado.
A influência de Andreson e suas empresas na política e no judiciário exige uma análise mais profunda sobre como o dinheiro e o poder podem corromper instituições fundamentais. A sociedade civil e organizações de controle social estão mais alertas e exigem transparência e responsabilidade por parte dos agentes públicos.
Conclusão
O caso de Andreson de Oliveira Gonçalves serve como um alerta sobre os riscos da corrupção no sistema judiciário e a importância da vigilância contínua. A atuação da Polícia Federal e das instituições envolvidas é crucial para restaurar a confiança do público no sistema de justiça e garantir que os responsáveis sejam adequadamente punidos, evitando que tais esquemas voltem a acontecer no futuro.