Demissão de Lisa Cook: O Motivo por Trás da Decisão de Trump
No dia 25 de agosto de 2025, Donald Trump anunciou a demissão de Lisa Cook, diretora do conselho de governadores do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. Esta ação foi interpretada como uma nova escalada nos ataques do ex-presidente à independência do banco central, levantando questões sobre a política monetária e a influência política sobre instituições financeiras.
A Decisão de Trump
Em um comunicado publicado nas redes sociais, Trump detalhou sua decisão, alegando que Cook estava envolvida em práticas fraudulentas relacionadas a hipotecas. Ele expressou desconfiança em relação à integridade dela, afirmando que não poderia manter alguém em uma posição tão crucial que, segundo ele, poderia ter cometido irregularidades financeiras. O ex-presidente declarou que a demissão teria efeito imediato e baseou sua decisão na autoridade que lhe é conferida pelo Artigo II da Constituição dos Estados Unidos e pelo Ato do Federal Reserve de 1913.
A decisão de demitir Lisa Cook marca um momento significativo, já que ela foi a primeira mulher negra a ocupar um cargo no conselho do Fed, tendo sido indicada pelo presidente democrata Joe Biden em 2022. Cook tinha um mandato que se estendia até 2038, e sua saída repentina suscita preocupações sobre a política de diversidade e inclusão dentro das instituições financeiras dos EUA.
Acusações e Justificativas
Trump fundamentou sua demissão na alegação de que Cook havia cometido fraude hipotecária ao declarar duas residências como principais para obter condições de financiamento mais favoráveis. Ele afirmou que o caso foi encaminhado ao Departamento de Justiça para investigação, e que a lei lhe permite demitir a diretora por justa causa. “Há motivos suficientes para acreditar que ela pode ter feito declarações falsas em um ou mais contratos de hipoteca”, escreveu Trump em sua carta de demissão.
O ex-presidente citou um caso específico em que Cook declarou uma propriedade em Michigan como sua residência principal e, duas semanas depois, assinou um documento afirmando que uma propriedade na Geórgia seria sua residência principal. Essa sequência de eventos levantou dúvidas sobre a honestidade de Cook, levando Trump a afirmar que sua conduta era “enganosa e potencialmente criminosa”.
Implicações Políticas
A demissão de Lisa Cook, juntamente com a saída de Adriana Kugler, outra diretora do Fed que anunciou sua renúncia, abre espaço para que Trump possa indicar novos membros para o conselho que estejam mais alinhados com sua visão econômica. Se ele conseguir estabelecer uma maioria em um conselho de sete membros, terá o poder de influenciar significativamente a política monetária e, potencialmente, demitir os presidentes dos 12 bancos regionais do Fed.
Segundo o Financial Times, a administração de Trump precisará demonstrar a existência de “justa causa” para a demissão de Cook em caso de um processo judicial que argumente que ela cometeu fraude hipotecária, o que seria considerado má conduta grave. Esta situação é ainda mais complexa em um contexto onde Trump já havia criticado abertamente o Fed e seu presidente, Jerome Powell, em várias ocasiões, chamando-o de “burro” e “teimoso”.
Visão de Trump sobre a Política Monetária
Trump tem frequentemente expressado insatisfação com a política monetária do Fed, argumentando que a instituição está “atrasada” em reduzir as taxas de juros. Ele acredita que as taxas deveriam estar “pelo menos dois a três pontos abaixo” do que estão atualmente. Em julho de 2025, o Fed decidiu manter sua taxa de juros inalterada na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano, em meio a incertezas sobre os impactos das políticas tarifárias de Trump.
Conclusão
A demissão de Lisa Cook levanta questões importantes sobre a independência do Federal Reserve e a possibilidade de intervenções políticas nas decisões da instituição. À medida que Trump continua a moldar sua agenda econômica, a capacidade do Fed de operar livremente e de tomar decisões baseadas em dados econômicos, e não em pressões políticas, será fundamental para a saúde financeira do país. O desdobramento dessa situação poderá ter repercussões significativas para o futuro da política monetária dos Estados Unidos.
